Nesta quinta, dia 9 de junho, os ministros do Supremo Tribunal Federal vão decidir, em definitivo, se jornalista precisa de diploma para exercer a profissão.
Em novembro de 2006, o STF garantiu, por liminar, o exercício da atividade aos que já atuavam no Jornalismo, independentemente de registro no Ministério do Trabalho ou de diploma de curso superior na área.
O ministro Gilmar Mendes é o relator do recurso.
Os estudantes de Jornalismo estão em pânico. Muitos, à beira da formatura no meio do ano, podem descobrir que "jogaram fora" o tempo na faculdade.
Em Minas, mais de mil jornalistas se formam a cada semestre. Nem é preciso dizer, o mercado não absorve tal volume de mão de obra. E olha que nunca se teve tanta rádio, tanta tv - aberta e a cabo -, tanto jornal e tanto site de notícias funcionando. Além das assessorias de imprensa.
Os sindicatos da categoria profissional acham que o fim do diploma vai jogar no chão o salário da maioria. Afinal, qualquer um, com diploma de outras áreas, também poderia trabalhar na imprensa. E, a bem da verdade, nem há uma clareza sobre como ficaria a situação, caso a Justiça decida abolir o diploma - uma espécie de "buraco negro" na regulamentação, até que se encontre uma saída.
Outros pensam que o diploma não deve ser obrigatório porque haveria pessoas mais qualificadas do que um jornalista diplomado para escrever sobre muitos assuntos. Um advogado pode cobrir bem Justiça (ou Polícia). Um ex-deputado pode ser um bom repórter de Política. Um empresário, um grande jornalista de economia. E assim por diante.
Mas é preciso pensar que não basta conhecer do ramo, é preciso também "enxergar" a notícia e conhecer as técnicas de redação. Isso requer treinamento e estudo. Talvez não seja necessário ficar quatro anos na universidade, mas que é preciso dominar as formas da notícia, isso é fato. Ou seja, é mistura de talento e técnica.
Também é importante lembrar que não basta ser especialista na área. O "generalista" tem sua importância, aquele sujeito capaz de sair da matéria de uma enchente e correr pra Câmara Municipal pra cobrir uma votação e depois seguir pra uma abertura de uma exposição de arte.
Como se costuma dizer, o generalista é aquele que sabe muito pouco de muita coisa. E o especialista sabe muito de muito pouco...
A mim, me parece mais razoável que os especialistas, de qualquer área, estejam livres do diploma pra escrever sobre aquilo que conhecem. Tenho um grande amigo, o médico Gerson Lopes, que escreve semanalmente uma coluna sobre vinhos no jornal Estado de Minas. Eu, com todos os meus anos de Jornalismo, se começar a estudar sobre vinhos hoje, nunca serei capaz de escrever com o conhecimento e a capacidade do grande Gerson. Nesse caso, o mercado e a lei já aceitam o profissional não diplomado em Jornalismo no papel de colunista.
Ponto pra quem não tem o diploma de jornalista.
Mas o próprio Gerson, penso eu, teria dificuldades pra lidar com o Jornalismo em outras áreas. Lembro-me bem dos tempos em que ele nos dava a honra de falar sobre sexo e sexualidade no Jornal da Alterosa, uma vez por semana. Gerson vinha ao estúdio e sofria muito enquanto não chegava a vez dele, obrigado a assistir matérias de Polícia, por exemplo, em que muitas vezes os crimes horrendos o deixavam chocado. O jornalista tem de estar preparado pra enfrentar isso, mas o Gerson não tinha essa obrigação.
Ponto pra quem tem o diploma e se preparou pra tal.
Portanto, o tema é polêmico. Vai ser uma votação histórica.
Fonte: http://www.dzai.com.br/benny/blog/blogdobenny
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário