Especialistas em crimes cibernéticos redefiniram o conceito de bate-papo na internet: nada mais que um perigoso convite para crianças e adolescentes saciarem suas curiosidades. Em Mariana, na Região Central, uma menina de 11 anos caiu na conversa de uma amiga virtual e exibiu-se na webcam interpretando cenas provocantes. Dias depois, “Aninha Fofinha”, como a colega se identificava, ameaçou colocar as imagens na rede mundial. Assustada e constrangida, a garota de 11 anos tentou suicídio. Ela é apenas uma das 721 vítimas de crimes cibernéticos investigados pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPE-MG), entre junho de 2008 e janeiro de 2010. Mas, diferentemente do que se pensa, os computadores não são mais capazes de esconder o criminoso. O MPE-MG descobriu que a “fofinha” era um carioca de mais de 30 anos e hoje ele está preso.
Hoje, Dia Mundial da Internet Segura, o MPE comemora os avanços nas investigações de crimes on-line. “Não podemos mais dizer que a internet é uma terra sem lei. Semanalmente recebemos muitas denúncias de abusos e, com as novas tecnologias, conseguimos identificar vários autores. São crimes sérios e não podem ficar impunes”, diz a promotora Vanessa Fusco, da Promotoria Estadual de Combate aos Crimes Cibernéticos, citando a gangue de pichadores descoberta pela rede de computadores e presa em junho.
Os criminosos pichavam escolas da Região Metropolitana de Belo Horizonte e divulgavam fotos com armas de fogo num site de relacionamento. Os rostos nas imagens estavam pintados de preto. Mas um programa de computador foi capaz de “limpar” a foto, permitindo a identificação dos envolvidos. “Eles acharam que podiam se esconder pela internet, mas conseguimos todas as informações necessárias para chegar a eles. Eram jovens de classe média. Os pais nem desconfiavam do envolvimento, mas reconheceram cômodos de suas casas nas fotos do Orkut”, explica Vanessa.
livro Mas, no Dia da Internet Segura, o maior objetivo é falar sobre prevenção, em vez de punição. Ontem, o MPE-MG lançou a segunda versão da cartilha Navegar com segurança – Protegendo seus filhos da pedofilia e da pornografia infanto-juvenil na internet. Publicado no ano passado, o pequeno livro era distribuído em escolas públicas e privadas, depois de palestras da promotoria. “São dicas para acessar os sites, e a principal delas é não divulgar informações pessoais nem fotos. Os pais também devem estar atentos ao que o filho está vendo na internet. Durante todo o ano, vamos visitar escolas e falar sobre os perigos da internet”, orienta a promotora de Justiça.
Fonte: Jornal Estado de Minas para assinantes.
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