Mais de 7 mil jovens, a maioria de baixa renda, estão neste momento estacados na frente da tela de um computador em Minas. Em vez de gastar tempo em jogos ou em sites de relacionamento, ganham dinheiro com a internet, plugados no Tecnologia, Empreendedorismo e Inovação Aplicados (Teia). Criada em janeiro de 2009, a rede mineira de computadores ensina a usar a web para fazer negócios. Sabendo trabalhar com informática, dá para tirar de R$ 150 a até R$ 15 mil por mês. Aos 22 anos, Rafael Angeli anda só com roupas da moda, deu entrada no consórcio de um carro Crossfox e comprou apartamento de R$ 100 mil no Bairro Serra Verde, a caminho da Cidade Administrativa.
“Se eu tivesse conhecido o Teia antes, já teria ganho muito mais dinheiro. A ferramenta que se usa para brincar é a mesma para trabalhar", afirma Rafael. Desde o primeiro emprego como atendente de supermercado, aos 14 anos, a vida do jovem mudou radicalmente com o Teia. Por meio da rede, Rafael foi contratado para informatizar prefeituras do interior no Integra Minas, em convênio com a Associação Mineira de Municípios (AMM). “Ensino os prefeitos a perderem o medo de lidar com o computador, a enviar e-mails e a gastar menos com telefone, usando os recursos da internet”, explica Rafael, que era buscado em casa no carro oficial das prefeituras.
A ideia do Teia é simples e, por isso mesmo, emocionante, nas palavras de Alexandre Hohagen, diretor-geral da Google para a América Latina. Segundo ele, é “o projeto mais envolvente e completo que ele conheceu desde que começou a operação da Google do Brasil”. De um lado estão jovens que já nasceram alfabetizados em programas de computador. Do outro, pessoas sem costume com a linguagem digital que desejam montar um site de vendas, fazer transmissões de vídeos em tempo real e postar mensagens aos amigos. Uma turma depende da outra para fazer dar certo.
Calcula-se que o Teia já tenha gerado R$ 2 bilhões em negócios. Vão desde sites que incentivam pequenos produtores a vender os tradicionais queijos de Minas por Sedex através do site. Alan Ferreira, de Salinas, arranjou um modo de oferecer para fora do município os móveis em madeira de demolição, por meio do Vende Móveis. Já Solange Moreira, de BH, criou para a mãe, Clélia Moreira, de 66, uma página na internet para revender cosméticos da Natura. "Acho que a gente deve começar a mudar as coisas dentro de casa", ensina ela, hoje empregada por indicação do Teia.
O Teia é a menina dos olhos de Alberto Duque Portugal, secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes). Ele conta que, em 2007, recebeu a encomenda de massificar o uso da internet em Minas, agregando valor ao produto criado. Como já tinha conhecimento do modelo do Instituto Peabyrus, que interliga cientistas e pesquisadores de todo o país, decidiu capacitar continuamente uma equipe de operadores da infraestrutura Web 2.0. “Novos rafaéis, joões e solanges vão sendo criados no Teia, que já é praticamente autossustentável. À medida que se abre uma janela, as pessoas mostram sua cara para o mundo”.
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