quarta-feira, 19 de maio de 2010

Assédio sexual a crianças é o 3º crime mais comum na web

O Ministério Público Estadual (MPE) divulgou ontem, no Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, uma estatística assustadora: a exploração sexual contra menores de 18 anos ocupa a terceira posição dos crimes investigados pela Promotoria de Combate aos Crimes Cibernéticos. De junho de 2008 a abril de 2010, o MPE recebeu 490 denúncias. Destas, 11% referem-se à exploração sexual contra menores de 18 anos, atrás apenas dos registros de estelionato (46%) e dos crimes contra a honra (24%).

A promotora Vanessa Fusco, mãe de um casal de adolescentes, alerta que os pais devem ficar atentos aos acessos dos filhos na internet: “Às vezes, os adultos dizem que não entendem de internet, mas têm de aprender. Temos de participar não só do mundo físico dos filhos, mas também do virtual.” Ela explica que a vítima pode ser abordada pelo predador, como os promotores chamam os exploradores infantis, numa simples sala de bate-papo.

“É um dos ambientes mais perniciosos e independe do tema da sala de bate-papo. O predador quer saber onde a criança está e se está sozinha em casa. E o que é mais grave: as crianças e os adolescentes informam o endereço da residência. Essas pessoas querem se encontrar com as vítimas. Daí, partem para outro crime, que é o de estupro”, reforça a promotora, acrescentando que boa parte das investigações são iniciadas com denúncias feitas pelo email crimedigital@mp.mg.gov.br.

Uma equipe da promotoria também faz a chamada cyberpatrulha: os servidores se passam por menores e entram em salas de bate-papo atrás dos predadores. Os crimes na internet, acrescenta Vanessa, não estão concentrados apenas nas grandes cidades, pois, desde que a banda larga chegou aos municípios pequenos, também há registro de ocorrências nestes lugarejos.

O cerco aos exploradores também gerou números impressionantes na Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese): o número de denúncias recebidas pelo Disque Direitos Humanos (0800-031-11-19) aumentou 46% na comparação entre o primeiro quadrimestre de 2010 e o mesmo período de 2009. Foram 1.298 ocorrências contra 888.

“Não quer dizer que o fenômeno aumentou. O que aumentou foi a tolerância zero da população para este tipo de crime. É inaceitável para a sociedade. O saldo também se deve a outros fatores, como a eficácia do Disque Direitos Humanos e o impacto da campanha Proteja Nossas Crianças. Só desta vez, são 300 mil panfletos no estado. Mas é bom frisar que os números são assustadores”, disse a titular da Sedese, Ana Lúcia Gazzola.

O Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes é homenagem à lembrança da capixaba Araceli Cabrera Crespo, brutalmente violentada, drogada e assassinada em 18 de maio de 1973, quando tinha 8 anos.

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